terça-feira, 7 de outubro de 2008

Hieróglifos Egípcios - Escrita



Os mais antigos textos que nós conhecemos são os das pirâmides das V e VI dinastia. A forma gramatical assim como a idéia de ordem teológica, expressas nestes textos, mostra um desenvolvimento perfeito da língua hieroglífica, o que demonstra que este povo, nessa época, já havia desenvolvido seu pleno desabrochar.

É através dos símbolos e da linguagem muda dos hieróglifos que conhecemos o verdadeiro significado da ciência sagrada deste povo e desvendamos os seus mistérios.

A campanha de Napoleão ao Egito marcou o início de uma nova fase na investigação científica da antiga cultura egípcia.


O francês Jean-François Champollion (1790-1832) conseguiu finalmente, decifrar os hieróglifos e a escrita hierática. No entanto, este sucesso foi precedido pelo trabalho pioneiros de outros investigadores, como o sueco Johan David Akerblad ou o inglês Thomas Young.


Para decifrar os hieróglifos depois de longo estudo, Champollion percebeu que, apesar de seu aspecto exterior não correspondiam a ideogramas, como os que se usam, por exemplo, na escrita chinesa, em que cada caractere representa uma palavra completa. Pode chegar a esta conclusão graças à chamada Pedra de Roseta, essa pedra foi descoberta perto da cidade de Rosetta (ou Rashid) – daí seu nome, que contém um decreto sacerdotal dos tempos ptolemaicos, registrado em três grafias distintas e duas línguas diferentes: em hieróglifos, em escrita demótica e também em grego.
Pedra de Roseta:






Champollion contou com mais de 1400 hieróglifos, aos qual a versão correspondia menos de 500 palavras.
Ao estudar a Pedra de Roseta, Champollion identificou o único cartucho que aparecia seis vezes como sendo o de Ptolomeu, dado que a seção grega referia que a inscrição era sobre um Ptolomeu.





Ele assumiu que os caracteres seriam a pronunciação de Ptolemaios, a palavra grega para Ptolomeu. Em 1822, recebe a cópia de uma inscrição bilingual em hieróglifos e grego, de um obelisco egípcio que tinha sido trazido para Inglaterra pelo colecionador J.W. Bankes, para ornamentar a sua propriedade.

No obelisco de Bankes, referem-se dois nomes reais na seção grega: Ptolomeu (Ptolemaios) e Cleópatra (Kleopatra). No texto hieroglífico dois cartuchos aparecem lado a lado. Um deles é quase idêntico ao da Pedra de Roseta:


Na Pedra da Roseta





No Obelisco de Bankes






Então o outro cartucho no obelisco de Bankes foi considerado como tendo o nome de Cleopatra:





Seguiu-se a identificação de mais nomes reais em outros documentos e foi possível decifrar progressivamente palavras isoladas, formas gramaticais e, por fim, a sintaxe: ou seja, não só a escrita como a própria língua.

Champollion descobriu que afinal muitos hieróglifos possuíam o efeito fonético comum aos ideogramas.

Em 1824 Champollion publicou sua monumental obra. “Présis du système hieroglyphique des anciens Egyptiens" na qual além de decifrar os primeiros hieróglifos de forma incontestável, deixa, ainda à posteridade, um sistema lingüístico fundamental às futuras pesquisas sobre a escrita do antigo Egito.


Os hieróglifos representando consoantes:






Características dos hieroglifos:


Sentido da escrita: o sentido da escrita, assim como a direção, variava muito. Os hieroglifos podiam ser desenhados em linhas horizontais, da direita para a esquerda ou da esquerda para a direita, ou em colunas verticais, de cima para baixo. É possível identificar o sentido da inscrição porque as pessoas e os animais sempre olham para o início da linha.

Arranjo dos hieroglifos: o arranjo dos desenhos, muitas vezes, obedecia mais um critério artístico do que um critério lógico.

Número de símbolos: havia cerca de 700 hieroglifos diferentes no período clássico (2000 a 1650 a.C.). Já no período greco-romano (332 a.C. a 400), cerca de 5.000 hieroglifos estavam em uso.


Valores dos símbolos: os hieroglifos possuem tanto valores semânticos quanto fonéticos. Por exemplo, quando os antigos escribas queriam representar o miado de um gato, combinavam os hieroglifos do m, do i e do o com a figura do animal.

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